Mistery Blog

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domingo, 16 de novembro de 2014

"Hanna"

Para um longa sobre uma assassina treinada desde pequena a sobreviver a qualquer custo, Hanna soa muitas vezes como infantil, e até mesmo parece se levar a sério demais em mais de uma ocasião. No entanto, basta prestar atenção à relação dos contos Grimm com a trama para perceber que, além de indubitavelmente empolgante em suas inúmeras sequências de ação (o flashback que revela a ligação da personagem de Cate Blanchett com a da angelical Saoirse Ronan é certamente o ponto alto da obra), Hanna é um filme sobre a personagem-título como humana e não só como uma criação tão fria quanto a neve que a 
punia em seu lar.

E não a é, como deixam bem claro o roteiro e a atuação excelente de Ronan: Hanna é uma criança que nem música conhece, e tudo o que sabe e sente é como não ser subjugada por quaisquer inimigos que venham a seu encontro - o que não a torna má, muito menos desumana, uma vez que a protagonista faz o possível para descobrir o que há além daquele ambiente intrépido onde inicialmente se encontra (e, irônica e inteligentemente, o primeiro passo nessa direção é uma decisão merecida por sua maturidade).

Povoado por personagens relativamente extravagantes (note como a antagonista gargalha num dos momentos finais do filme), Hanna estabelece um tema infantil e ligeiramente cruel no ar -  algo que o espectador só perceberá nos momentos finais, se o fizer - sem sacrificar a verossimilhança que, claro, chama muita atenção em obras como esta.

A trilha sonora dos Chemical Brothers é notável por incorporar e manipular sons do longa a favor de sua cinética ao mesmo tempo em que estabelece motivos curiosos em si, traduzindo muito bem mais um filme com Saoirse Ronan atirando em pessoas. O qual nunca foi feito.


9/10

terça-feira, 14 de outubro de 2014

"Mad Men", 1x02: "Ladies Room"

O marketing é fascinante, por mexer tão fundo com a psicologia de seu público. Mad Men compreende isso e, neste episódio, ainda mais que no primeiro, une personagens complexos à interessantíssima propaganda que define o tom da série. Assim, é fantástico perceber que o slogan que Don precisava soa como uma conclusão ao episódio como um todo, tocando em cada uma de suas subtramas.

Ao contrário do piloto, este Ladies Room é tão formidável visualmente quanto em seu roteiro, focando em planos médios a fim de realçar a ansiedade de Betty; é de se esperar num episódio assim focado na personagem de January Jones, que, aliás, é impecável como uma mulher muito educada (no sentido mais literal da palavra) e que, por isso, tenta conter sua iminente crise e confia no marido fielmente.

Betty, como um símbolo da dona-de-casa, não é o único na série: Mad Men discute sutil porém magistralmente o presente através do passado, abordando vários assuntos sem se tornar petulante e inverossímil, graças a seu elenco excelente e seu roteiro cautelosamente escrito.


10/10